Durante testes em um sistema com disparadores DMX de CO₂, identificamos uma interferência incomum na rede elétrica. O problema ocorria quando o cabo DMX saía do disparador e passava próximo (ou encostava) em um gabinete metálico conectado à rede elétrica, mesmo sem estar aterrado.
Sempre que o disparador era acionado, surgia ruído que trafegava pelo cabo DMX. Após investigação, percebemos que o disparador gerava picos de ruído elétrico, provavelmente vindos do acionamento da solenóide. Quando o cabo DMX passava próximo ou tocava esse gabinete, o surto era acoplado indutiva ou capacitivamente ao gabinete, e daí acabava sendo conduzido para a rede elétrica, mesmo sem conexão direta de aterramento.
O resultado foi que outros equipamentos alimentados por essa rede elétrica apresentavam comportamentos anormais: travamentos, resets ou falhas temporárias de comunicação.
Esse é um caso clássico de interferência conduzida. O ruído gerado pelo disparador encontrou caminhos alternativos, como o percurso do cabo e gabinetes metálicos, para chegar até a rede elétrica. Mesmo sem aterramento, a rápida variação do sinal gerou correntes que se acoplaram por capacitância, levando o ruído até o neutro ou fase da rede.
Uma das soluções que funcionou bem foi adicionar um filtro RC na entrada do disparador. O filtro usava:
Capacitor de 100 nF / 630 V / classe X2
Resistor de 100 Ω / 5 W em série com o capacitor
A seguir, uma foto do filtro instalado em paralelo na entrada AC do equipamento. Para fins fotográficos, o filtro estava sem isolamento, mas depois foi adicionada a isolação utilizando espaguete termo-retrátil, fixando-o dentro do equipamento.
Esse filtro ajudou a reduzir os picos de ruído gerados no disparo, evitando que eles se espalhassem pela rede elétrica. Depois disso, os outros equipamentos pararam de travar ou sofrer interferência.
Também recomendo, sempre que possível, garantir o aterramento adequado de todos equipamentos, para aumentar a imunidade a interferências e garantir maior segurança operacional, mesmo que, neste caso específico, o aterramento não tenha sido a solução principal.
Fica o registro da experiência para ajudar quem enfrentar situações parecidas. Espero que tenha sido útil. Até a próxima!